Amo tanto o mar
bem queria que fosse mulher
para parar de chamar de "o mar"
e chamar de "a mar".
Texto: Otávio M. Silva
Imagem: Dall-e 2
Amo tanto o mar
bem queria que fosse mulher
para parar de chamar de "o mar"
e chamar de "a mar".
Texto: Otávio M. Silva
Imagem: Dall-e 2
Ao pôr-do-sol
Os Soldados se põem a postos
Sabem que logo entraram em batalha
A diária batalha em que todos conhecem o vencedor
E mesmo assim insistem em lutar
Dez Horas em ponto
De um lado os sonolentos
Do outro os despertos
E o único acordo é a guerra
Uma guerra sem armas
Sem tiros (mas com muito barulho)
Sem bombardeios (mas cabeças a despencar)
Sem navios ou aviões (mergulhos ou voos)
Sem cessar-fogo (apenas cessar-sono)
E um nico ferido (ou quase morto)
Eu (caído, mais ainda de pé).
Texto: Otávio M. Silva
Imagem: Dall-e 2
Hoje encontrei antigos
amigos
Que falavam de um antigo
eu
Que falavam com um eu que
fui
Que pediam que respondesse
como este
E não como eu que sou
Hoje encontrei velhos amigos
Com velhas lembranças
E velhas cobranças
De contas que não devo
mais
Hoje tive que ser o
mesmo de antes
Alguém que não mais sou
E nem mais quero ser
Hoje encontrei velhos
amigos
E não os reconheci
Porque aquele que
lembrava deles
Precisou morrer pra este existir.
Texto: Otávio M. Silva
Imagem: Dall-e 2
São apenas pessoas
Passando por outras pessoas
Pensando em outras pessoas
Pensando em si
São apenas pessoas
Cansadas
Inconscientes
Inconsistentes
E vis
Não passam de pessoas
Não são deuses panteônicos
Divindades totênicas
Não são adultos nem pueris
Não são pobres sem ricos
Nem grandes nem pequenos
São apenas pessoas
E pessoas que são em si
Texto: Otávio M. Silva
Imagem: Dall-e 2
Enquanto a chuva lá fora, caia Aqui dentro Eu também chovia